[RP FECHADA] A Dancer Dies Twice — Once When They Stop Dancing

Por mais que estivesse basicamente morando na casa de sua namorada, o apartamento de Seongdong-gu – o primeiro que comprou com o dinheiro próprio – ainda tinha um lugar especial dentro de seu coração que sempre lhe fazia voltar e passar algumas semanas em seu quarto. Depois que seus pais retornaram à Gwangju após as festas de fim de ano, tudo ficou extremamente mais calmo e fácil de lidar internamente. Ele poderia acordar às seis horas da manhã para tomar um café na cozinha sem interrupções, ver o sol iluminar Seul logo nos primeiros minutos da manhã e escrever alguma coisa em seu bloco de notas de folhas amarelas – que estava ficando cada vez mais escasso de inspirações ao longo dos dias que se passavam. Naquele ano de 2021, Jung Seung Yoon não tinha muitas expectativas altas. Ele não sabia se conseguiria terminar a série de álbuns que prometeu aos hopeworldians, tinha quase certeza que sua próxima turnê mundial fora adiada para 2022 e, acima de tudo, não sabia se ele conseguiria manter o mesmo ritmo que enfrentou no ano passado – quando todas as emissoras e canais de notícias queriam somente alguns minutos consigo para qualquer entrevista de todos os tipos.

Desde o fim do período passado, ele havia sumido das redes sociais sem se preocupar muito. Não queria entrar em nada, ficava jogando o dia inteiro e, quando estava na Lyn, fazia questão de deixar o celular e computador bem longe de si, optando por algumas atividades mais leves que o fizessem esquecer um pouco do mundo real. Não estava de férias, apesar de muito aparentar. Durante essas semanas de descanso, J-Yoon deveria na realidade estar trabalhando em seu próximo álbum! – mas ele sequer tinha vontade de entrar no estúdio para discutir os próximos passos com seu produtor ou fazer um brainstorm das ideias que haviam aparecido anteriormente. Estava cansado e tinha medo, acima de tudo, de não querer mais voltar a fazer música. Seung Yoon sequer estava ouvindo os novos lançamentos direito e, quando os ouvia, não sentia muitas coisas diferentes. Era como se todo o seu senso artístico tivesse simplesmente desaparecido de seu ser e ele, que sempre se considerou a pessoa mais adapta a isso, estava um pouco perdido de quais os seus próximos passos seriam ao longo dessa jornada. Seria esse o fim de sua carreira? Será que era a hora de voltar a ter uma vida normal, depois de tudo o que passou para debutar? Era complicado.

A Ryeon Entertainment estava tentando ser um pouco mais leve com o rapper e, por isso, ele não precisava frequentar o prédio da empresa com tanta frequência. Quando o fazia, geralmente ficava seguindo o seu manager e produtor de cima para baixo, permanecendo mais quieto que o normal durante algumas reuniões e, até mesmo, não prestando tanta atenção quanto costumava fazer. As datas para o próximo comeback estavam começando a ser marcadas oficialmente e ele não sabia ao certo se as mesmas poderiam ser adiadas ou não, o que deveria logo correr atrás para evitar mais prejuízos. Seung Yoon, por mais que odiasse tal fato, queria levar a sua carreira de modo mais leve ao longo daquele ano e por isso teria de fazer alguns sacrifícios para tal. Sabia muito bem que perderia alguns fãs no processo e não ligava muito para isso, já que os mesmos estavam ao seu lado justamente por terem conteúdos a todo o momento, mesmo que isso significasse que o idol não estava tendo descanso algum. Ele, na realidade, não estava ligando para mais nada. Poderiam soltar o maior escândalo sobre si mesmo e terminarem com seu trabalho, que Seung Yoon apenas daria de ombros e voltaria a fazer qualquer coisa que quisesse. O mundo a sua volta poderia explodir e ele apenas diria que isso “acontece”.

Naquela manhã, já próximo ao fim de janeiro, o seu café preto com uma torrada de acompanhamento lhe esperava em cima do balcão da cozinha. Ele apreciou o alimento longe do celular, como sempre costumava a fazer, observando o rio Han janela a fora e pensando o que estava acontecendo para ele se tornar alguém tão apático quanto estava. Obviamente algumas situações recentes lhe deixaram um tanto exausto, mas nada que fosse motivo para seus bloqueios criativos! Era apenas preocupante o fato de alguém tão criativo e apaixonado pelo seu trabalho ter a chama apagada de modo tão repentino. Ele tentava escrever e tentava produzir algumas coisas, mas nada era bom o suficiente. Não conseguia ler livro algum para ajudar na inspiração, não conseguia encontrar atividades novas, não tinha paciência para pintar e tão pouco para fazer algum artesanato que servisse de “terapia”. Tudo o que Seung Yoon sabia fazer era assistir séries, jogar e “tentar” escrever. O estúdio montado no apartamento, durante aquele inverno, acabou se tornando um dos cômodos mais inúteis da casa por simplesmente ter sido abandonado pelo mais novo, que apenas entrava por cinco minutos e saia logo em seguida sem nada em mãos. Era complicado para ele saber que tinha perdido a única coisa que era boa dentro de si. A única habilidade e paixão que o incentivava a continuar com isso.

E assim como ele leu em algum lugar:

“Um dançarino morre duas vezes – uma quando ele para de dançar.
E essa primeira morte, é a mais dolorosa”.

A falta de sentimentos dentro de seu peito deveria ter algum motivo – e algum dia, quem sabe, ele descobriria o que estava faltando para que sua inspiração e criatividade voltassem a aparecer aos poucos. No fundo ele sabia que não queria largar para trás a sua carreira musical e, tão pouco, os hopeworldians que tanto lhe apoiaram nos maiores momentos. Ele queria continuar com seus projetos, lançar músicas incríveis, criar mixtapes em momentos criativos e aproveitar a vida viajando ao redor do mundo em sua próxima turnê mundial. Queria viver a maior vida que um artista poderia pedir! Mas infelizmente, a pedra que aparecera neste caminho estava maior do que ele pensou e tudo isso vinha de somente uma única fonte: dentro de si mesmo. Não poderia culpar ninguém por seus bloqueios e isso era o que mais doía.

Rezava durante a noite para que uma resposta aparecesse para si. Talvez sua criatividade voltasse como uma velha amiga e, talvez, fosse hora de seguir caminhos diferentes. Tal opção poderia assustar um pouco, mas assim que esse sofrimento parasse de pingar sobre seus ombros, ele saberia que tudo isso talvez fosse o necessário. Era mais uma fase do crescimento por qual estava passando.

Quando sua irmã acordou, Seung Yoon serviu uma xícara de café e preparou alguns ovos temperados para que a mesma comesse. Soltou um sorriso de lado ao entregar os alimentos para a mais velha, voltou a se apoiar no balcão e continuou a observar o tempo frio que fazia lá fora. Dentro das opções que estava cogitando anteriormente, uma coisa era certa: o café da manhã continuaria sendo a sua hora favorita do dia – e ele queria viver por muito tempo para que pudesse aproveitar cada nascer do sol que pudesse ver tanto de sua própria janela, quanto da casa de Lyn. O seu tempo naquele mundo ainda não havia terminado... E isso era muito bom de saber após tudo o que passou ao longo daqueles últimos dez anos. Pela primeira vez na vida, ele não precisava depender de sua carreira para continuar a lutar por si mesmo e seus ideais.

Estava livre, finalmente, para seguir seu caminho completamente sozinho.